terça-feira, 20 de março de 2012

Vitrine

Bem sei quem me fez acreditar no amor.
Eu, que aprendi pela falta...
Depois de inventar sorrisos alternativos, deixava-me ser vista, mas nunca alcançada.

É gostoso falar de perigo.

Preciso de mais força física.
Pernas e braços ensaiam o sustento do coração. Um que não é morto porque não viveu.
Assistiu o amor das vitrines...

O que me fortalecia era a impossibilidade do fracasso.
Tive alegria segura, minha. Sempre ditei começo e fim...
A confiança que dou às pessoas é pouca; não lhes confio felicidade alguma.

O que nunca tive, sempre fará menos falta do que aquilo que deixei de ter.
Essa é a lógica do medroso.
Seria capa
z de suportar não ser interessante? Insuficiente, comum?

Choro por dentro... De dor e arrependimento...
Antes mesmo de me fa
zer amada e amante , vou vivendo morta de amor.

21/03/2012

Thaís dê V Lopés

quarta-feira, 7 de março de 2012

Consumismo

No caminho para o trabalho, à espera do ônibus. Fome e consciência da longevidade de mais um dos dias. A perda de vida no aguardo do transporte deve ser recompensada. Fugas merecidas. Um agrado, sorriso pequeno. Pipoca, goma de mascar, trufas...

Há quem compre “sorrisos de Deus”. Isso mesmo.

Hoje, na fila de espera para o ônibus 076 presenciei um homem que vendia sem promessa. “Me ajude, pelo amor de Deus!” é o que dizia. “Tenho filhos pra criar, me ajude!”.
Duas figuras tristes estenderam moedas. O homem recebeu, continuando sua súplica. “Preciso comprar arroz! Vivo de água!”. As feições tristes ganharam nova forma: Indignação.

Como nos momentos em que damos uma nota com valor maior do que o necessário e aguardamos o troco. Elas aguardaram.

O homem encontrou, momentos depois, esses olhares, aos quais respondeu arisco “Deus abençoe, irmãs!”. Sem sorriso algum, nem simpatia. Como quem entrega o que deve.

Assim a benção vira mercadoria.

07/03/ 2012

Thaís dê V Lopés