quarta-feira, 7 de março de 2012

Consumismo

No caminho para o trabalho, à espera do ônibus. Fome e consciência da longevidade de mais um dos dias. A perda de vida no aguardo do transporte deve ser recompensada. Fugas merecidas. Um agrado, sorriso pequeno. Pipoca, goma de mascar, trufas...

Há quem compre “sorrisos de Deus”. Isso mesmo.

Hoje, na fila de espera para o ônibus 076 presenciei um homem que vendia sem promessa. “Me ajude, pelo amor de Deus!” é o que dizia. “Tenho filhos pra criar, me ajude!”.
Duas figuras tristes estenderam moedas. O homem recebeu, continuando sua súplica. “Preciso comprar arroz! Vivo de água!”. As feições tristes ganharam nova forma: Indignação.

Como nos momentos em que damos uma nota com valor maior do que o necessário e aguardamos o troco. Elas aguardaram.

O homem encontrou, momentos depois, esses olhares, aos quais respondeu arisco “Deus abençoe, irmãs!”. Sem sorriso algum, nem simpatia. Como quem entrega o que deve.

Assim a benção vira mercadoria.

07/03/ 2012

Thaís dê V Lopés

5 comentários:

  1. Que maravilha Thaís!!! Você é incrível...

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  2. De fato algumas pessoas nao aprenderam a dar valor ao que importar e nem sabem como se comportar. Agradeco aquilo que me ensinastes e espero que outras pessoas aprendam. Acredito que nem sempre seja por mal... as vezes so nao sabem como. Eu nao sabia como.
    xD

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  3. ESPETÁCULO THAÍS... BEM Q A TÂNIA HAVIA DITO!!!
    BJS

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  4. Você escreve macio e direto. Eu gostei =D
    Er, meio que percebi uma ironia e uma oposição que você faz entre os dois personagens mais visíveis, que acaba colocando-os na mesma situação... a do título. Não sei se foi, mas essa é só uma leitura além. Abraços.

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  5. ...impressionada.
    Diego tem concorrência braba!
    :)

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Obrigada pelo comentário!