domingo, 6 de dezembro de 2009

Caminhos

Estava deitada em minha cama, ainda soluçante das recentes gargalhadas, mas já perdida em pensamentos. Quando decidi que repararia em detalhes do quarto. Detalhes que não fossem aquela velha e colorida galinha que, posta como estava em minha frente, era forçosamente notável. Resolvi, usando como critério a aleatoriedade, que começaria por um quadro predominantemente verde ao meu lado. Dirigi o olhar diretamente ao fundo, onde o poderoso azul de um pequeno pedaço de céu me espiava por detrás das montanhas. Nenhum Sol havia ali, mas o verde das plantas e o azul que meus olhos insistiam em encontrar.

Quando se desprenderam daquela peça chamativa e contrastante, deram vez a planos mais próximos. Caminharam por uma pequena casa de cor morta e ar abandonado, que ignorei. Por impulso, resolvi que ignoraria também o quinto, o sexto e o sétimo planos daquela paisagem. Engraçado que, mesmo aparentemente liberto, meu olhar teimava em revisitar aquele pequeno fragmento que gritava...Longe...No último dos planos. Pequeno, agora que torno a aumentar meu campo de visão, por culpa das grandes e vibrantes copas de um par de árvores gêmeas. Corpos secos e magros.

Voltei ao fundo, agora já ciente do ingrediente que faltava naquele cenário. Não via algo mais brilhante ou atrativo que aquele diferente e sempre lembrado fundo. Mais do que isso...Minha mente não mais acompanhava o olhar... Se os olhos viam beleza, era teu cheiro que eu sentia, tua voz e teu rosto. E foi exatamente isso o que vi: teus olhos naquele azul sozinho. Chamavam-me imóveis. Esperavam-me calados. Tornei ao plano das irmãs, mas avancei no recuo até o primeiro deles. O qual eu havia esquecido de conhecer. Foi decepcionante o que vi. Um caminho perfeito que apontava meu desejo. Segui-o vagarosamente e ansiando o fim. Quando parei. Um caminho perfeito que se partia em dois imperfeitos.

Thaís dê V Lopés

25/12/08

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