Estava deitada em minha cama, ainda soluçante das recentes gargalhadas, mas já perdida em pensamentos. Quando decidi que repararia em detalhes do quarto. Detalhes que não fossem aquela velha e colorida galinha que, posta como estava em minha frente, era forçosamente notável. Resolvi, usando como critério a aleatoriedade, que começaria por um quadro predominantemente verde ao meu lado. Dirigi o olhar diretamente ao fundo, onde o poderoso azul de um pequeno pedaço de céu me espiava por detrás das montanhas. Nenhum Sol havia ali, mas o verde das plantas e o azul que meus olhos insistiam em encontrar.
Quando se desprenderam daquela peça chamativa e contrastante, deram vez a planos mais próximos. Caminharam por uma pequena casa de cor morta e ar abandonado, que ignorei. Por impulso, resolvi que ignoraria também o quinto, o sexto e o sétimo planos daquela paisagem. Engraçado que, mesmo aparentemente liberto, meu olhar teimava em revisitar aquele pequeno fragmento que gritava...Longe...No último dos planos. Pequeno, agora que torno a aumentar meu campo de visão, por culpa das grandes e vibrantes copas de um par de árvores gêmeas. Corpos secos e magros.
Voltei ao fundo, agora já ciente do ingrediente que faltava naquele cenário. Não via algo mais brilhante ou atrativo que aquele diferente e sempre lembrado fundo. Mais do que isso...Minha mente não mais acompanhava o olhar... Se os olhos viam beleza, era teu cheiro que eu sentia, tua voz e teu rosto. E foi exatamente isso o que vi: teus olhos naquele azul sozinho. Chamavam-me imóveis. Esperavam-me calados. Tornei ao plano das irmãs, mas avancei no recuo até o primeiro deles. O qual eu havia esquecido de conhecer. Foi decepcionante o que vi. Um caminho perfeito que apontava meu desejo. Segui-o vagarosamente e ansiando o fim. Quando parei. Um caminho perfeito que se partia em dois imperfeitos.
Thaís dê V Lopés
25/12/08
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