domingo, 6 de dezembro de 2009

Vermelhos Violinos

Deleitava-me com lembranças tuas. Abraços que antecipam saudade. Planos dos mais infantis e mirabolantes. Fugas espontâneas, que por o serem, têm final feliz garantido. Brigas que são, na verdade, projetos do mais lindo olhar. Confundia-me em teus beijos, que exigem sempre despedida mais calorosa que tua própria...
Quando ouvi, em meio à euforia, o som dos violinos. Sons tão pertinazes quanto teus sorrisos. Música que chorava. Notas opostas a meus pensamentos. Pesavam por serem mais que lembrança. Meus olhos mal separaram-se dos teus, já estavam curiosos a procurar lágrimas alheias.
Deparei-me, surpresa, com risadas. Intencionalmente interrompiam os sons da tristeza. Esta, por sua vez, falava mais alto mesmo sem elevar-se. Os violinos orgulhosos não se rendiam. Todos se rendiam aos traços risonhos daqueles rostos que vegetavam em ambiente festivo. Todos... Todos.
Até que senti algo que me passara despercebido. Um longo vestido vermelho ritmado. Parece-me que mais alguém cedia o corpo àquela angustia, pensei. Pois me sentia igualmente persuadido.
O vestido abria os braços e rodopiava para mim. Era uma inédita ilustração gratuita do clima que desejei. Sapateava a solidão de sua cor agressiva em meio ao branco que vestia a paz semi-destruida. Olhos alegres, aos poucos, punham-se a acompanhar aquele grito talentoso e abafado.
Um breque súbito! Ouve-se uma alegre música, a qual a voz da maioria se permite acompanhar em suporte. O vestido lança-me um último olhar choroso. Fracassada, sento-me a retratá-lo como consolo, ao som da recente alegria adotada no ambiente.
Permiti-me esquecer as pregas envolventes daquele vermelho. Substituía-as por palavras, escritas em novo ritmo. Tomadas por sentimento cobiçado; o seguinte à tristeza.

Thaís dê V Lopés
09/12/08

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