domingo, 6 de dezembro de 2009

Meu Verdadeiro

Sou memória, apenas isso. Memória que não se perde no tempo pela resistência que há a minha aceitação. Pelo caráter vergonhoso e absurdo que ela assumiria desde o início. Meus assassinos, já servi-lhes como fonte de vida.
Se foi fonte de luz, transparência; hoje vejo escuridão. Mas não é como um vazio, pesa. Pesa muito. Entrego esse fardo àqueles que, com ele, me tentaram presentear.
Recebi-o já em sua forma abstrata, perdido. A esperança e o sonho me escapam diante do absoluto. Rio Morto.
Cidades nascem e crescem a rodear rios. São vida, beleza, alegria. São Paulo não soube; matou seu rio. Ávida por crescer e contida em sua imaturidade.
Fotos, lembranças gostosas. Idealizações, sonho, esperança. Vejo mobilização. Percebo vontade nos olhares a ele dirigidos ao acaso; no típico dia-a-dia paulistano.
Gostaria de me sentir filho desse rio, introduzir-me em sua história e entregar-lhe a minha. Queria que seu nome me arrancasse um sorriso. Sinto que só no domínio de minhas reflexões posso inventá-lo. Compartilhar o prazer é, portanto, impossível. Tietê é meu. Entretenho-me a construir o meu Rio Verdadeiro.

Thaís dê V Lopés
02/10/08

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