domingo, 6 de dezembro de 2009

Um quarto de mim

O menor espaço. Nos invernos o mais frio. Nos verões, o mais quente. Não se molha com as chuvas. Não abriga mais que um. Dois que são um. Um que valha por dois... Não me sinto só entre suas paredes. Cama, sofá, cama, palco... Travesseiros... Amigos, inimigos, amantes.

Pouco espaço? Um grande teatro, campo de futebol... Um campo. Um quarto.

Um quarto de cama, um quarto de guardados, um quarto de reflexões e, finalmente, o quarto dos quartos: Ela. Reunião do pó de cada dia, ausência de cor, presença marcante. Grande mestra. “Tum, Tum, Tum...”

Reflexões descompassadas de um poema escrito à mesa marcham ao som da bateria. Som do coração, que escuta a si próprio.

Prateleiras de livros mesclados a sonhos, memórias, tempos, passados e projeções futuras. Estantes de música. Agrupadas em CD`s que não se misturam. Não se pode escolher a algum... Não se escolhe.

Retratos, retratos, retratos. Tantos, tão conhecidos... Fazem lembrar do que se diz que viveu, mas é pura crença. Sorrisos tão verdadeiros que se fazem reviver, não em memória, pois não a tenho, mas por si próprios.

Armários tão profundos, que não me recordo a cor do fundo das gavetas. Não imagino quantos vestidos, anos, tristezas, alegrias, lágrimas guardo neles.

A parede roxa, única, é uma colação de idéias, possibilidades. Quadro, retrato, enfeite algum... Parede limpa. Parede só. A mais suja de ilusões, que melhor conhece meus olhos.

A porta dá para um longo e estreito corredor. Tão longo quanto o tempo necessário para me desvencilhar daquelas paredes... Tão estreito quanto meu olhar quando não estou entre elas...

Thaís dê V Lopés

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