domingo, 6 de dezembro de 2009

Ordem

Gritos, gritos. Convencidos; não convincentes. Talvez ao restante. Não falo de todos, mas da grande maioria das crianças que me rodeiam. Expressões de injustiça, acusações... Gritos sem significado que mereça consideração. Talvez para riso. Ridículo. Vejo adultos, poucos, permanecerem adultos. Esses são agredidos por palavras infantis em voz de adultos. Os que, por um momento, se permitem fantasiar de crianças. Ou tirar a fantasia que, por pouco, não chegaram a incorporar.

Uma série de mãos erguidas a implorar pela palavra... Um resquício de ordem no recinto.

Mas... Ouço uma voz ao fundo. Com o espanto e momentânea atenção de todos, ganha força. Diz bobagens. Os olhos daquela voz não me enganam; sentiam-se como os de uma multidão.

Um garoto coça, com força, a cabeça. Meninas engrossam ligeiramente a voz. Eu não choro. Não!

Ninguém me olha. Alias, não localizo um olhar sequer que não se encontre a vagar por pensamentos.

Silêncio? É isso mesmo?

Uma última mão tímida, também destituída de minhas esperanças, se sobressai. Ouço minhas palavras escaparem naquela voz. E o choro em meus olhos.

Um grito ao fundo. Menina roendo unhas. Cochicho. Riso; um. Outro grito. Este ao meu lado... Adultos com olhar de aprovação. Aquela voz arrependida... Mais choro.

Thaís dê V Lopés

05/05/09

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