domingo, 6 de dezembro de 2009

O banco do pátio

Ouvi-o sussurrar teu nome inúmeras vezes. Sentado sempre no mesmo local em horário previsto. Companhia de música que já não agrada. Melodia que imagino e construo a meu gosto, pois não compartilhas. O olhar perdido, temporária e talvez acidentalmente é fisgado por pessoas, cabelos, olhares, conversas e até pensamentos... Os seus.

Parece que não falas por ocupar-se com os demais sentidos. Os que não se explicam. Sei porque não falas, sei sim. É por sentir o peso da curiosidade dos olhares. Se não olhares, perguntas, idéias.

Teu nome me vinha à cabeça a qualquer hora. A qualquer hora ensaiava a mostra que faria de minha coleção de perguntas. Conheço-me pouco, o suficiente. Meus olhos são perigosos traidores. Se te olhassem trair-me-iam... Se nos olhos, teriam o poder de mostrar-lhe um imenso e lindo museu na eternidade do momento. Indigesto e pesado, no mínimo. Não ousaria, se não fosse por aquele acidente. Sei que não te lembras...

Confesso que me entretenho a observar a capacidade que tens de ler pessoas, não por palavras. Ao som da misteriosa trilha sonora de suas manhãs... É leitor de gestos, sorrisos, andares... Interpretando com a certeza de que viverá a graça do erro. Como faço agora.

A verdade é que quando alguém te olha, e abaixas a vista, é um sorriso o que sinto. Quando respondes teu nome, e não o dirias senão em condição de resposta... Quando sussurras... É um grito o que ouço.

Thaís dê V Lopés

04/02/09

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