domingo, 6 de dezembro de 2009

Luz

Raramente uni as palmas de minhas mãos como vovó ensinara. Recordo-me ainda menos de tê-las unido com um sorriso no rosto. O sono vinha enquanto rezava o terço...
Os nomes de santos nunca tiveram significado claro. A igreja me prendia, chamava e comovia. A música me fazia desejar solidão e chorar em paz. Os vitrais coloridos contrastam com rostos tristes de dor. A voz do padre, incompreensível...
Agradecer à Deus pela vida. Esqueci. Chamá-lo de papai do céu. Soa infantil. Não será mãe do mundo?
Uma vez sonhei com meu Deus. Uma luz quente, amarelada, sem rosto algum. Quando o vi, seu corpo formava minha silhueta. Não disse nada, nem o pude tocar. Chorei como nunca antes.
Minha imagem de Deus no céu – homem, pai, sem formas definidas – morreu naquela noite. Aquele Deus que vi era o real, senti com toda a força que tive.
Guardo aquela imagem como um segredo talvez risível. Esse sonho isolou-me desde então. Sei que o que vejo, faço só... E não é ele pai de todos? Será sua voz a minha? Se o que diz é o que faço...
Por que aqueles que Deus privilegia são os que menos o procuram? Os diálogos passam a não ser diários. Errado.
O nome Deus, dirijo àquela Luz. Vinda de mim a mim em passos lentos. É do tamanho de minhas dores e alegrias. Único e o mais verdadeiro.

Thaís dê V Lopés
24/08/09

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